19º Dia - 27 de Setembro de 2002 – 6ª feira
Hoje é o último dia em Santiago de Compostela.
Entrámos “vestidos a rigor”. Já tínhamos feito o check-out, pelo que a mochila e o cajado já nos acompanhava de novo.
Visitei a Catedral. Impressionante.
Fui dar o “abraço ao Apóstolo”. Subimos acima do altar principal, onde está a imagem do Apóstolo. Passamos por trás e abraçamos o Apóstolo e beijamos. Até estremeci.
A seguir, seguimos até à zona do sepulcro, descendo umas escadas até à cripta. Estavam umas pessoas, ajoelhadas a rezar.
Judith. Aproximam-se os dois Canários
O botafumeiro usado em Portugal mede cerca de 40-50cm e deve pesar uns 500gr. O da Catedral mede 1,60mt e pesa 80kg!! E para ser baloiçado são precisos vários homens. O espectáculo é impressionante, e embora nada se compare à emoção de ver ao vivo, podem espreitar aqui no Youtube.
Botafumeiro
Antigamente, os peregrinos quando chegavam a Santiago ficavam a dormir nos claustros da Catedral. Sujos e a cheirar mal, pelo que o uso do botafumeiro servia para afastar as pragas. Este ritual teve início no séc. XXI. É contudo também uma parte importante nos actos litúrgicos.
É um espectáculo deveras impressionante. Infelizmente, ao assistirmos, temos de presenciar também a falta de respeito das pessoas dentro de um templo sagrado. Para nós, peregrinos, este é um momento muito importante. De reflexão, de admiração. E Necessitamos de serenidade. Coisa que não é possível termos, pois quando se inicia o ritual, os turistas “de autocarro” saltam para cima dos bancos a disparar fotos com flash por todo o lado, que mais parece a entrada do Benfica no Estádio da Luz em noite de jogo grande…
E chegou a hora de me ir embora. E tive de fazê-lo sem me despedir do Manuel – o que muito me custou – mas já tinha o bilhete de comboio pago e não podia esperar. Esperei o mais que pude, mas ele não apareceu.
A Katrine despede-se de mim dizendo que gostou muito de me conhecer e que me vai enviar um email para nos correspondermos.
A minha despedida com o Fernando dura escassos segundos e dizemos um ou outro: “Hasta luego!” – como se nos fossemos encontrar brevemente.
Ainda com olhos embargados de emoção passo pelos “Canários” e despedimo-nos: - “Surte! Suerte!”
Rua del Franco
Chego à estação e quando vou confirmar o horário e local de embarque encontro o Xavi e a Judith. Despedimo-nos novamente: -“Surte! Suerte!”.
A viagem de comboio até Salamanca demora 6h30. Há uma paragem em Ávila que aproveito para dar uma volta pelas redondezas e comer algo. Descubro então que está a terminar aqui uma etapa da volta a Espanha em Bicicleta. Caos. Os ciclistas a passarem. As ruas cortadas ao trânsito. Milhares de pessoas. Confusão…
Quando o comboio pára em Salamanca, apercebo-me que a estação fica exactamente do lado oposto ao qual deixei o carro. Boa.
Tenho de atravessar Salamanca a pé, de noite, mochila às costas e cajado na mão.No final do Caminho