15º Dia - 23 de Setembro de 2002 – 2ª feira

Sarria – Hospital de la Cruz – 33,2km

 


Saindo de Sarria
 

 

Chegando a Barbadelo

 

 

 

Seguindo para Ferreiros

 

 

A jornada de hoje foi longa. Parámos a meio do dia em Portmarín, que é lindo, com vista espectaculares sobre o rio Minho.

 

Portomarín

 

 

Chegando a Portomarín - Rio Minho

 

 

 

 Portomarín - Igreja de S. Pedro

 

 

 

Portomarín - Igreja de San Xoan

 

 

 

 Portomarín - Albergue de Peregrinos 

 

 

Não conseguimos camas no albergue em Gonzar, pelo que tivemos de caminhar mais 3,6km até Hospital de la Cruz. Não foi muito fácil. Já tínhamos muitos quilómetros percorridos e, quando pensávamos que tínhamos terminado por hoje, tivemos de voltar a caminhar.

 

O Fernando tem andado com pouca fé. Por causa dos problemas físicos (o joelho) ele tem tido muitas dificuldades, principalmente quando temos subidas ou descidas acentuadas.

Quando estávamos a chegar a Gonzar, e sabendo que o albergue é pequeno e poderia não haver lugar, o Fernando começou a falar nessa hipótese. E eu disse-lhe: - Fernando, se não tivermos lugar no albergue é porque há algo que nos faz andar para a frente!
 

Depois de Gonzar, o Caminho foi doloroso para o Fernando. O dia já ia longo e ele queria parar. Eu dizia-lhe, que o melhor era continuarmos. Nisto, encontrámos 2 alemãs que estavam a descansar e nos disseram: - Então, peregrinos! Vão até onde? Nós vamos até Hospital de la Cruz pois não havia lugar neste último albergue que passámos.

E eu disse-lhes: - O mesmo se passa connosco.
 
Convenci o Fernando a seguirmos.
 

Quando chegámos a Hospital de la Cruz, diz-nos a hospitaleira: - Estão com sorte!! Só já tenho duas camas!

- Que bom! – disse eu. Virei-me para o Fernando e disse-lhe: - Já viste, homem de pouca fé! Os nossos lugares estavam aqui à nossa espera!
 

A hospitaleira disse-nos que não se lembrava de tantos peregrinos em Setembro; mesmo comparando com os anos Jacobeus. Há peregrinos a dormir no chão, por falta de camas. Se um peregrino chega a um albergue e não tem cama, tem sempre um espaço no chão, se quiser.

 

 

Hospital de la Cruz - Albergue de Peregrinos

 

 

Mais tarde fomos jantar. Para variar comemos Caldo Gallego e frango com alho, com baldroegas (!) e batatas. Estava delicioso. E claro, vinho Ribeiro!

 

Depois do jantar, e como esta pequeníssima aldeia não tem nada para ver, optamos por ficar a descansar e beber umas canhas. E então, tomo conhecimento de mais uma história do Caminho. Triste, mas de esperança.

 

Conhecemos um moço que está a fazer o Caminho com a mãe, em 2 partes. A primeira parte fê-la no ano passado. Ele tem 12 anos. Sim, 12 anos!

O ano passado caminharam durante 3 semanas e depois pararam porque ele tinha de ir para a escola.
Vieram este ano fazer o restante e estavam agora a finalizar (faltam apenas 3 dias…) quando a mãe teve um problema num pé e têm de parar e regressar a casa. Ela não consegue continuar. Muita decepção, obviamente, mas o curioso foi o miúdo estar a aceitar a situação bem melhor que a mãe, dizendo que para o ano cá voltarão para finalizar o Caminho.
 

Hoje à noite estive muito tempo a conversar com o Fernando. Já não somos companheiros de Caminho. Somos Amigos. São coisas que só quem aqui vem pode compreender.

 

Como ele já fez o Caminho anteriormente, esteve a falar-me da missa do Peregrino. Vai ser na 6ª feira ao meio-dia.

Nessa missa, é dito as terras de onde partiram os peregrinos que nesse dia chegaram a Santiago.
Estou a apenas 3 dias de Santiago. Não dá para explicar o que sinto. Não dá.
 

O Caminho mudou tanto desde Salamanca. Eu mudei tanto desde Salamanca.