Como tudo começou...

Foi no final de Agosto de 1999. 

 

Eu e o meu amigo Rod combinámos uma semana de férias para conhecer a Galiza. Dois jovens, sem compromissos conjugais, na força da idade (28 anos), a passarem uma semana na Galiza...

 

Em Santiago de Compostela só ficámos uma noite. No dia seguinte seguimos para Finisterra e depois para A Coruña.

 

Nesse dia em Santiago tentámos visitar a Catedral. Lembro-me que estávamos num Ano Santo, Xacobeu (acontece sempre que o dia 25 de Julho - Dia de Santiago – seja num domingo). Nunca vi tamanha confusão dentro de um templo religioso. Incríveis as filas de espera para se entrar na Catedral e colocar a mão no Pórtico da Glória.

 

Os Peregrinos andavam por lá. Constantemente a chegarem à Plaza del Obradoiro, num frenesim que eu nunca tinha presenciado.

E, mesmo sem eu saber, acho que foi aí que fiquei “apanhado”.
E o tempo passou...
 

Em 2001, no início do verão, fiz uma caminhada de 3 dias com dois amigos meus na Serra da Estrela: o Luís e o Nuno. No meio de uma conversa qualquer disse que iria fazer o Caminho de Santiago, em 2004 porque seria o próximo Xacobeu.

 

Nesta altura, o objectivo de realizar o Caminho seria apenas pelo prazer de caminhar e gostar de novas experiências, contactar com pessoas de outras culturas.

 

Bom, não foi apenas isso que aconteceu.

Passado algum tempo fiz uma promessa a Santiago, prometendo fazer o Caminho no ano seguinte, ou seja, em 2002.
Acreditem ou não. Tenham fé ou não. Mas é um facto que o que pedi, aconteceu. Tão simples quanto isso.
 

E assim, no final de 2002 comecei a preparar-me para o Caminho.

Comecei pela consulta na Internet. Vasculhei muitos sites que existem sobre o Caminho. Poderão ver na secção de links os meus favoritos.
Muito li sobre a preparação do Caminho, o que levar, o que consultar, enfim. Muita informação. A minha experiência na área das caminhadas também ajudou um pouco. E para terminar, fui a Salamanca comprar o Guia da Via de La Plata.
 

Quando contava que iria passar 3 semanas de férias a caminhar, em Espanha, de mochila às costas e sozinho, todos me chamaram de louco. Realmente parece loucura. Para quem não esteja minimamente informado, para quem a ideia de férias é passar um mês a “tostar” no sol do Algarve. Realmente para esses é loucura. Para quem consiga ver um pouco mais além e pense nos momentos de reflexão que temos no Caminho que não temos em mais sitio algum, o prazer de caminhar, as paisagens maravilhosas, o encontro com pessoas de todo o mundo (Espanha, Alemanha, Polónia, Nova Zelândia, Brasil, etc, etc), o falar com as pessoas das aldeias, a entreajuda e sentimento de comunidade entre os peregrinos e o chegar a Santiago de Compostela com um sentimento de dever cumprido, que todas as dificuldades e contrariedades porque passámos são esquecidas com a entrada na Catedral. Sabermos que foi a nossa força de vontade e fé que nos levou ali e sentirmos que dali para a frente, sejam quais as dificuldades que teremos na nossa vida, que teremos força interior para as resolver e seguir em frente mais confiantes e felizes.

 

Sim. Realmente é uma loucura passar por tudo isto...